quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Foda-se o Indie Rock!

E é mesmo. E pra todos vocês de lenço xadrez no pescoço, all star coloridinho, calça skinny e colete... segurem os queixos e os Macs indignados e prestem atenção. Eu, que não sou menos indie que você (e to bem perto do king dos blasé) tive ontem uma experiência avassaladora. Ou, pra falar na língua materna da classe: “life changing experience”. Eu, uma freqüentadora de festas cujas músicas ninguém conhece – e isso é o mais legal -, fui a um show do Judas Priest. Assim, livre e (quase) espontânea vontade. O pior você não sabe: a convite de uma outra amiga, essa com certeza BEEEEEEEEEEEM MAIS INDIE QUE VOCÊ. E aí, o que aconteceu? ADORAMOS.

Aí você pode dizer “e what the fuck o indie tem a ver com isso? Você ta me dizendo que metal é mais trends que eletrorock por acaso? Ai, fuuuuuui”. Não, babe. Eu, e certamente essa minha amiga, continuamos gostando das modernices, mas nós, gente que se acha fashion (ai, desculpa, é hype agora) mas é cheeeeeia de preconceitos, temos muito o que aprender com o pessoal do METAAAAAAAAAAL.

Por exemplo. Eu já paguei ABSURDOS pra ver shows de indie rock. Mas e aí? O que eles me entregaram? Quatro ou cinco caras vestidos igual a qualquer um da platéia, com tênis All Star, executando as músicas em palcos que mal eram ilumidados com a emção de quem lê um jornal (não o da fila do pão, outro qualquer). Ou pior! A gente vai assistir um cara, com um violão, que, mesmo num dos melhores teatros da cidade, não faz mais que passar pelas suas músicas novas – mais MPB e menos rock – de forma quase burocrática. E a gente acha tudo isso o máximo. Só que não demonstra né. Porque uma das leis do blasè é NUNCA, JAMAIS demonstrar-se muito empolgado com algo (a não ser quando ta frito, na “baladi”, ao som de Ting Tings ou Killers). Pois nesse mesmo teatro, cabeludos vestidos de preto que ocupavam pacificamente 2/3 da lotação, assistiram a um espetáculo. Esse sim, es-pe-tá-culo. E não essas chinelagens que entregam aos pseudointelectuais porto-alegrenses.

O Judas Priest é uma banda de heavy metal (ou não.... são tantas versões do mesmo estilo que eu me confundo) inglesa e que nasceu láááááá nos anos 70 – década que os “moderrrrrrnos” detestam, porque foi onde nasceram os seus rivais, os hippies... isso, mesmo todo mundo sabendo que todo bom mod virou hippie ou um boçal na década seguinte à sua). Bom, mas isso tudo eu descobri essa noite. Por quê? Porque, como todos vocês, eu era uma preconceituosa. Acontece que eu me surpreendi.

Podem classificar como quiserem. Eu chamei de farofa, mas podia ser qualquer coisa. Fato é que os caras têm um figurino impecável, um cenário e uma energia de palco pra botar qualquer show do Arctic Monkeys (pra dar o exemplo mais simples) no chão. Fora que o público... convenhamos caros klaxonianos, é muito melhor que a gente – dá um banho, eu diria. Empolgados do início ao fim, eu não vi um cabeludovestidodepretocomcorrentes se quer de braços cruzados sacudindo a cabeça levemente e comentando com a pessoa do lado “a banda paralela do baixista que vem do leste europeu e toca uma mistura de Grant Lee Buffalo com April March e uma pitada de CSS só que em um dialeto do sul da Rússia é muito melhor... o quê? Não conhece??!?! Affe” ou “ah não... se eles não tocarem a música 15 do disco demo que lançaram 3 anos antes do baterista da formação original se matar pendurado numa corda de guitarra (qualquer citação ao Beck... ok) me passa uma colher”. Não. Ao contrário, os fãs gritaram, cantaram todas as músicas, pularam... fizeram de mim orgulhosa em ser daqui, do país sobre o qual as bandas DE VERDADE sempre dizem ter “o público mais caloroso”. Eles sim se divertem num show.

Aí ta. Fora o cenário, as roupas bacanas, uma Harley no palco... você diz: “mas eu vou no show pra ouvir a banda ao vivo, não pra ver magiquinha”. E eu respondo: ah ta bom... então tu paga R$ 100 reais pra ver uma banda tocar no palco exatamente a mesma coisa que no CD, com a desvantagem de que você não ta no conforto do seu quarto? Vai se catar né! Fora que os cinqüentões do METAAAAAAAAAAL têm muito mais conhecimento musical que muito MODERRRRRNINHO por aí. Eu ouso dizer, que a maioria até.

Então, my friend integrante de banda indie, eu digo: VAI APRENDER A FAZER SHOW COM OS METALEIROS!!! E pra você, trendssuperbacanacomlençoxadrezemelissinha: VAI APRENDER A ASSISTIR SHOW COM ALGUÉM QUE TENHA UMA JAQUETA DE COURO!

Pronto, falei.

8 comentários:

tatu disse...

hahahahahaha PERFEITO HEIN! HAHAHAHA

Abaixo ao hype do Paumolismo.

Arthur de Faria & Seu Conjunto disse...

Imagina se tu fosse pra Nazaré da Mata passar a noite ouvindo Maracatú de Baque Solto com o Barachinha...

Playlist Pop Rock! com Oliver Kbludo! disse...

...METALLLLLLLLLLLLLLLL...

Hahahaha... Mt bom mt bom...

Há realmente uma grande diferença entre "SHOW" e "Apresentação"...

..Fê Cris from HELL!!!!

Ana Pan disse...

é por essas e outras que de vez em quando me largo na garagem, em casa e opinas, gata ;)

dudu disse...

esse texto, pra mim que sou old school, ta muito 1999. mas bem legal, percebe-se que a mocinha está amadurecendo...

sugiro que tu escute a biografia completa do AC/DC e esqueça marcelo camelo e afins. depois pode ir para coisas melhores, como DANGER DANGER!

:)

absss

Unknown disse...

esqueça marcelo camelo e afin no c*.
na mente inquieta dessas garotas maravilohsas tem espaço pra tudo e um pouco mais. bitolação não eras

Anônimo disse...

Matou a pau. Tou lendo o blog de cabo a rabo.

Ô, Fecris, hein?
Quero te ver vestidinha de preto e com correntes na próxima festeenha :)

Unknown disse...

Eu pensei, tu escreveu. É bem por aí. Só que não pertenço à "classe", então não adiantava nada falar... Fizeste muito melhor, jogou mierda no ventilador, aplausos.

P.S.: Não sou indie, mas também sou chato p C@#% e curto correção histórica. Por texto ficar melhor, só falta retificar a informação de que os hippies surgiram nos anos 70. Aqui no Brasil, até pode ser. Mas a origem da cultura Hippie tá lá no final dos anos 50, início dos 60, na esteira da geração Beat. Em 67, quando especiais da TV americana começaram a popularizar o movimento, os Hippies de San Farncisco - os originais - fizeram até um protesto nas ruas com um caixão negro, simbolizando a "morte do Hippie".

Nos anos 70, citados por ti como a origem, o que sobrava do Hippie era o rótulo massificado já, tanto nos EUA, quanto na Europa. Alguma coisa sobrou, caricaturizada e propositalmente escrachada no Glam Rock, essencialmente oposto ao Hippie, na real.

Na Inglaterra o Mod também surgiu no início dos 60 e não tinha nada a ver com o Hippie, apesar de muito - como tu bem observou - terem ido para esse lado na segunda metade "psicodélica" dos anos 60. Outros Mods viraram os primeiros skinheads e eram ligados à música jamaicana e ao Ritm'n'blues, nada a ver com a pegada nazi que alguns mais tarde introduziram. Nos anos 60 o Mod Revival, com o qual muito me identifico, ressurge no seio do movimento punk e também se opunha ao modismo "conformista" Hippie.

Já o HYPE (palavra ironicamente aparentada com "Hippie"), que o indie hoje tanto preza (fingindo desprezar, claro), nasceu EXATAMENTE nos anos 70. Entre 70 e 72, se não me engano, o Bowie (um dos papas do Hype - e queridinho de muito indie - até hoje, nem por isso desmerecedor da minha admiração e respeito) tinha até uma banda chamada HYPE, antes de aparecer com os Spiders from Mars e já trazia todos os elementos que aparecem até hoje, principalmente entre muitos do eletro.

Enfim, me desculpando por ser chato - depois de já ter sido - só pra lembrar que a informação histórica tava truncada e não procedia. No mais, congratulations. E longa vida à paudurescência no Rock - com ou sem spike e couro preto.