domingo, 19 de abril de 2009

Das coisas que esperamos ouvir um dia

Eu ouvi em algum lugar que as pessoas só nos decepcionam porque esperamos delas coisas que, na verdade, são nossas. Por isso, eu tinha decidido fazer as coisas que eu esperava que as pessoas fizessem ao invés de esperar que elas as fizessem de fato. Péssima idéia. Além de frustrada porque ninguém nunca fazia o que eu esperava eu ainda me sentia idiota por fazer mil coisas pelas pessoas e nunca receber nada. Contudo, eu me sentia uma idiota mais leve e, por enquanto, essa tem sido a sensação mais agradável pela qual eu acho que poderia estar passando.

Pois bem. É claro que, como toda mulherzinha, eu ainda espero pelo dia que vou ouvir coisas que eu imagino serem agradáveis. Não se engane! Eu já ouvi muita coisa. Mas claro, sem a trilha sonora que toca nos filmes, a gente tende a perceber as belas coisas pelas quais passa só muito tempo depois, quando o nosso subconsciente já acrescentou ali uma trilha, bleos planos e uma luz bacana.

Nessa pequena lista de coisas que eu gostaria de ouvir, teve uma que me pegou quando eu ainda era adolescente e da qual eu só lembrei hoje, no show do Nei Lisboa. Lá por 2003 ele lançou um disco chamado Relógios de Sol, que contém a música tema de um filme Meu Tio Matou um Cara, do Jorge furtado... música essa que para a ocasião foi gravada também pelo Caetano Veloso.

Parênteses: por mais que eu ame o Cae (e eu amo muito), eu prefiro na voz do Nei.. não sei exatamente o motivo, mas prefiro... Prontofalei.

Voltando, essa é uma das letras mais lindas. Porque fala daquela sensação que a gente tem quando precisa se desvencilhar de alguém mas não pode... Daquele amor solitário, que independe do outro, que está lá mesmo quando o objeto de afeto já não está no cenário. Ao mesmo tempo, fala de quando o outro, mesmo sem querer, alimenta esse sentimento por somente existir. Como bem mulherzinha que sou (e ando cada vez mais admitindo isso) eu, às vezes, queria muito apenas precisar existir. Abaixo, a letra.

O quê que eu vou fazer pra te esquecer
Sempre que já nem me lembro
Lembras pra mim
Cada sonho teu me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nem um adeus pode apagar.
O quê que eu vou fazer pra te deixar
Sempre que eu apresso o passo
Passas por mim
E um silêncio teu me pede pra voltar
Ao te ver seguindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nem um adeus pode apagar.
O quê que eu vou fazer pra te lembrar
Como tantos que eu conheço
E esqueço de amar
Em que espelho teu
Sou eu que vou estar
A te ver sorrindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nem um adeus pode apagar.

Depois dessa (ou antes, se eu fosse ordenar cronologicamente), tem "You look wonderful tonight", do Eric Clapton. Sério... nada muito inteligente, nada muito sagaz, nenhuma perspicácia... é a frase mais clichê do mundo, a mais óbvia... mas tao sincera. "You look wonderful tonight..." Lindo. É brega, é gosmento... mas é lindo. E é a melhor resposta já elaborada para a fatídica pergunta "benhê, tu acha que eu to bonita?" Sério... meeeeestre. Fica a dica.

It's late in the evening
She's wonderin' what clothes to wear
She puts on her make-up
And brushes her long blond hair

And then she asks me, "Do I look all right?"
And I say yes, you look wonderful tonight

We go to a party
And everyone turns to see
This beautiful lady
walkin around with me

And then she asks me, "Do you feel all right?"
And I say yes, I feel wonderful tonight

I feel wonderful because I see the love light in your eyes
And the wonder of it all is that you just don't realize how much I love you

It's time to go home now
And I've got an achin' head
So I give her the car keys
And she helps me to bed

And then I tell her
As I turn out the light
I say my darlin', you were wonderful tonight
Oh, my darlin, you were wonderful tonight

A terceira e última da série "quero ouvir, mas sei que não vou", antes que isso aqui fique meio blergs demais, é uma que o George Harrison fez supostamente para uma mocinha chamada Patie Boyd, mas que ele diz ter feito pensando no Ray Charles (arrã). Bom, seja pra quem for, a letra é tão linda... que qualquer mulher(zinha) gostaria ouvir.

Something in the way she moves
Attracts me like no other lover
Something in the way she woos me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

Somewhere in her smile she knows
That I don't need no other lover
Something in her style that shows me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

You're asking me will my love grow
I don't know, I don't know
You stick around now it may show
I don't know, I don't know

Something in the way she knows
And all I have to do is think of her
Something in the things she shows me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

a pergunta é: quando a gente para de sonhar e começa a viver? Early in the morning...

terça-feira, 14 de abril de 2009

remexo

não quero mais ficar sentada. quero falta de rotina.

pronto, levantei.

Sabedoria de Paula Toller

Eu sempre cito a Paula Toller como uma pessoa muito sábia. De verdade, sem brincadeira. Ela tem várias das frases mais corretas para descrever sentimentos genuinamente "mulherzinha. A mais clássica delas é "diz pra eu ficar muda, faz cara de mistério/ tira essa bermuda que eu quero você sério", estrofe que rende muitos bons debates de mesa de bar e sobre o qual eu tenho mil filosofias que outro dia eu desenvolvo.

Mas hoje eu tava chegando em casa e deu no rádio "Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda", uma música que eu literalmente cresci ouvindo. Além de América, Titãs e Ben Jor, outro dos CDs que eu tava sempre ouvindo era aquele bonitinho que leva o nome da música citada. Tão divers. Pena que eu aprendi tanto com a Toller que acabo me encaixando na letra. Essa vida de mulherzinha...

Não estou disposto
A esquecer seu rosto de vez
E acho que é tão normal
Dizem que eu sou louco
Por eu ter um gosto assim
Gostar de quem não gosta de mim...

Jogue suas mãos para o céu
Agradeça se acaso tiver
Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê...

Não estou disposto
A esquecer seu rosto de vez
E acho que é tão normal
Dizem que soy loco
Por eu ter um gosto assim
Gostar de quem não gosta de mim...

Jogue suas mãos para o céu
Agradeça se acaso tiver
Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê...(3x)

De sapê!...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Odeio muito tudo isso

Contentar-se com migalhas. Ter que fazer pose de bonita quando encontra a rival. Saber que existe uma rival. Gente que não mede as palavras. Gostar de quem não gosta de mim. Ter ertezas abaladas. Não conseguir esquecer de quem já foi. Não conseguir esquecer de quem já devia ter ido. Não conseguir esquecer de quem nos fez mal. Ser 8 ou 80. Amar demais. Falta de clareza. Gente que não se mexe. Gente que se mexe demais. Gente insegura. Ser insegura. Gente que some. Gente que aparece do nada. Não pertencer a ninguém. Pertencer a alguém que não pertence a mim. Ter boas lembranças de algo que não vai mais voltar. Ter más lembranças de algo que eu quero que volte. Ciúmes. Vergonha. Inveja. Baixa auto-estima. Gente chata. Música ruim. Trabalhos enfadonhos. Gente burra. Pessoas que vão embora. Sufocar sem querer. Não achar a outra metade. A idéia de que exite uma metade. Pessoas que morrem. Pessoas que vivem como se fossem durar pra sempre. Pessoas que vivem como se fossem morrer amanhã. Gente que não planeja. Mentira. Inveja. Ver meus amigos tristes. Me ver triste. Independência. Século 21. Desprendimento. Dor. Amor.